Em 2007, a Prime Books decidiu apostar na edição de um álbum de tiras do "RIbanho".
Havia quatro anos que a série era publicada semanalmente no Diário do Alentejo, o que dava cerca de 200 tiras produzidas, número suficiente para se fazer uma escolha para o álbum.
Enquanto o paginador trabalhava o miolo, eu e o Luís Afonso começámos a pensar na capa e na contracapa. Nesta, ficou mais ou menos assente que seria interessante incluir uma tira e, por baixo, um pequeno texto explicativo acerca da origem da série.
Ficou, então, encarregue o Luís Afonso de escrever esse texto, enquanto eu faria um esboço para a capa. A tira da contracapa seria escolhida em conjunto por ambos.
O Luís escreveu o texto (que, depois de adaptado, também serviu de apresentação a este blogue) e enviou-mo passados dois ou três dias.
Achei que estava óptimo e nunca mais lhe mexemos.
A tira foi escolhida de entre as três ou quatro opções seleccionadas por cada um de nós.
A escolha do desenho da capa foi um pouco mais difícil, pois queríamos que o álbum fosse o mais apelativo possível para o público, já que a série era apenas conhecida pelos leitores do "Diário do Alentejo", um grande jornal regional, sem dúvida, mas que, como todos os jornais regionais, tinha uma distribuição limitada.
A primeira ideia que tive foi a que mostro a seguir: um fundo preto, com um foco de luz a apontar para o Pastor e para o cão, como se estes fossem estrelas de Teatro em cima de um palco.
Após mostrar ao Luís esta versão, achámos que talvez o "Compadri" merecesse ser colocado na capa pois fazia parte da série desde a tira 004!...
Uma e outra versões, contudo, não agradaram por completo. Avançou-se, então, para uma terceira hipótese, onde me lembrei de colocar o Pastor a dormir à sombra de um chaparro, sonhando com ovelhas, numa alusão clara ao mito de que, para adormecer, basta contar carneiros...
Como quarta hipótese, lembrei-me da tira 157 que tínhamos feito meses antes, onde falávamos sobre o encerramento continuado de estações de caminho de ferro no interior do país. A partir daí, desenvolvemos uma ideia que nos pareceu mais forte para a capa: o pastor, junto a um ramal ferroviário abandonado, com ervas, pedras, teias de aranha e ovelhas a pastar-lhe em cima, olha para uma placa onde, ironicamente, se dão as boas-vindas a quem visita o Alentejo.
A seguir, algumas fotos que tirei a pormenores dos carris e das travessas do - há muito abandonado - Ramal de Moura, que me auxiliaram no desenho da capa.
Estava encontrada a ideia!
A seguir mostramos uma proposta já muito próxima da versão final.
Neste ponto, o Luís Afonso sugeriu - e com razão - que se reforçasse a ideia de abandono/despovoamento do ramal, desenhando os carris interrompidos.
Eis aqui o resultado final, já com o lettering e os logótipos da editora e do jornal aplicados pelo paginador.
Resta dizer que o álbum foi lançado em Lisboa, na Casa do Alentejo, onde fez enorme sucesso entre um grande número de alentejanos (há muito afastados da sua terra natal e assinantes do "DA") que nos acarinharam com muitas palavras de incentivo.
Alguns diziam-nos que o "RIbanho" era sempre a primeira coisa que iam ler ao jornal. Outros diziam, orgulhosos, que recortavam e coleccionavam todas as tiras da série.
Nesse dia percebi que o "RIbanho" era não só uma forma de fazer rir as pessoas mas também uma forma de aqueles alentejanos se sentirem mais próximos da sua região.
E isso foi, talvez, a coisa mais gratificante que este projecto nos trouxe...
Amigo Carlos,
ResponderEliminarMuito interessante esta sua ideia de mostrar como "nasceu" a capa do "RIbanho", um álbum que, de facto, foi muito apreciado e que só é pena não ter tido continuidade com um 2º volume, pelo menos.
Lembro-me bem da festa de lançamento na Casa do Alentejo, onde eu e a Catherine tivemos o prazer de estar presentes, e do caloroso ambiente que lá se viveu nesse dia.
Como continua a produzir tiras do "RIbanho", porque não pensar a sério na hipótese de publicar um 2º álbum com material inédito? Pessoalmente gosto muito da penúltima versão da capa que aqui apresentou, e sugiro-lhe que a aproveite numa próxima oportunidade.
Um grande abraço,
Jorge Magalhães
Amigo Jorge,
EliminarLembro-me perfeitamente de si, da Catherine e de outros amigos ligados à banda desenhada, que se deslocaram propositadamente à Casa do Alentejo para o lançamento do álbum, o que muito me sensibilizou (e acredito que ao Luís Afonso também).
Foi, realmente, um ambiente muito agradável, onde se não estou em erro, actuou um Grupo Coral e tudo.
Quanto às tiras do "RIbanho", ao contrário do que diz no seu comentário, não continuamos a produzi-las. Deixámos de o fazer em Setembro de 2012, quando o jornal nos contactou a dizer que já não estavam interessados nos nossos serviços...
Foi a partir daí que decidimos criar o blogue e reproduzir todas as tiras da série, exactamente pela mesma ordem em que tinham sido publicadas no "DA".
Quanto à sua sugestão de publicar um segundo volume de "RIbanho", nunca calhou (embora houvesse material para isso e para mais um terceiro volume, até).
Todavia, e sem querer abrir muito o jogo, é possível que em breve possamos ter novidades sobre a série... Para já, é o que posso adiantar...
Obrigado pelo seu comentário.
Grande abraço
Carlos Rico
Amigos "LUCA"
ResponderEliminarGostei de saber do nascimento da capa do RIBANHO.
Um grande abraço para os dois, Luís e Carlos do Alentejano de Évora.
Amigo Dâmaso,
EliminarTenho saudades de o (re)ver nas festas da BD. Talvez nos próximos dias, quando inaugurarem duas exposições no CPBD, na Amadora e onde conto estar presente.
Muito obrigado pelo seu comentário.
Grande abraço
Carlos Rico
Não conhecia esses pormenores, e achei-os bem interessantes.
ResponderEliminarE se as vendas do livro correram bem, estou de acordo com o Jorge Magalhães, seria caso para tentares fazer um 2º tomo.
Grande abraço.
Amigo Geraldes Lino,
EliminarAquilo que verdadeiramente nós queremos é continuar a publicar regularmente esta série num jornal (alentejano de preferência, pois achamos que só aí faz sentido a sua existência)...
Mas a publicação de um álbum seria, de facto, muito bom, para nós.
Para já, teremos que aguardar por eventuais novidades, talvez já no próximo ano...
E mais não digo... :)
Grande abraço
Carlos Rico